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“Governo não pode esticar muito a corda senão ela vai rebentar”: diretores da escola pública alertam para clima de tensão no final do ano letivo

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Arrancaram, esta sexta-feira, as negociações entre o Ministério da Educação (ME) e os sindicatos do setor sobre a recuperação tempo de serviço congelado dos professores. A garantia de Miranda Sarmento, ministro das Finanças, que a recuperação começaria em 2025 deixou já os sindicatos ‘à beira de um ataque de nervos’, o que poderá criar um clima de tensão na escola pública.

De acordo com Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), os docentes estão com enorme expectativa com as negociações. “Os professores do continente estão à espera dessa recuperação há muitos anos e está tudo na expectativa de que as negociações decorram a favor dos professores”, sustentou, garantindo que o Governo “não pode esticar muito a corda senão ela vai rebentar”.

“Os colegas da Madeira e dos Açores, em 2025, já terão o tempo totalmente recuperado, ao contrário dos docentes do continente, que ainda não começaram a ver esse tempo devolvido. Essa recuperação tem de acontecer num curto espaço de tempo, mais rápido do que nos cinco anos que o Governo quer”, ilustrou, em declarações ao ‘Diário de Notícias’.

Filinto Lima não deixou de criticar as expectativas do ministro das Finanças, cujas declarações “não caíram bem aos professores”. “Se não houver mais flexibilidade, a corda vai rebentar e poderá não acontecer o clima de estabilidade do próximo ano letivo que todos queremos. E se a corda partir, não será bom para a escola pública”, garantiu.

Apesar dos bons sinais inaugurais do Governo – como o “regresso das provas de 9.º ano ao papel, a paragem das escolas em agosto, e a criação de um novo estatuto do diretor” –, tem de haver mais ou “poderemos ter um final de ano muito difícil”. “Se isto continuar assim e se o ministro não conceder os anseios justos dos professores, teremos um final de ano que pode ser caótico porque as provas e exames são em junho. Temo que não tenhamos paz e estabilidade agora, nem no arranque do próximo ano letivo, com greves e manifestações se a intransigência continuar”, concluiu.

“Os docentes sentem alguma frustração perante as declarações de Miranda Sarmento que remetem para 2025 o início da recuperação do tempo de serviço”, referiu Cristina Mota, porta-voz do movimento Missão Escola Pública, alertando: “Os professores estão atentos e têm os olhos postos no Governo e nos sindicatos. A questão dos 6 anos, 6 meses e 23 dias tem de ficar resolvida no imediato, sob pena de, se tal não acontecer, os professores verem no atual Governo a continuação do desrespeito e falta de consideração que têm vindo a sentir nas últimas duas décadas.”

“Os professores, e a sociedade em geral, contam ver cumpridas as promessas que foram feitas e esta está no topo do que foi proclamado pelo atual primeiro-ministro, tendo, inclusive, referido por várias vezes que foi uma medida que apresentou antes mesmo de conhecer o cenário eleitoral. Pois bem, está na hora de mostrar, a quem nele votou e não só, que é homem de palavra e que não pretendeu ludibriar ninguém, muito menos aqueles que diariamente estão nas escolas a promover a ética e a formar novos cidadãos”, apontou.

A Missão Escola Pública já anunciou que pretende apoiar e reforçar as formas de luta que os sindicatos definirem. “Entre as ações poderão estar concentrações, manifestações e marchas, bem como ações de reflexão e consciencialização da sociedade. Em paralelo, continuar a expor as falácias e mentiras que tiverem lugar, como aconteceu com o Governo anterior e procede de igual forma com este, pois à Missão Escola Pública não interessam os políticos ou ‘a cor’ do Governo, interessam apenas as políticas educativas”, defendeu.

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